O Hospital Regional do Baixo Amazonas Dr. Waldemar Penna (HRBA), em Santarém (PA), foi selecionado entre os 15 melhores projetos do Brasil na 18ª edição do Prêmio Amigo do Meio Ambiente (PAMA) 2025, promovido pelo Projeto Hospitais Saudáveis. A iniciativa reconhece as mais efetivas ações de sustentabilidade ambiental desenvolvidas por instituições de saúde que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país.
Neste ano, o PAMA recebeu 233 projetos de 18 estados brasileiros, com propostas que reforçam o compromisso do setor com a construção de um SUS mais sustentável, inclusivo e resiliente. A cerimônia de premiação foi realizada no dia 28 de outubro, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
O projeto premiado, intitulado “Gestão Sustentável de Facilities: Adoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na estruturação de contrato de prestação de serviços de Higiene e Limpeza Hospitalar em um Hospital Público no Baixo Amazonas”, foi desenvolvido por Ana Paula Sá, Gabriella Durans, Jarlison Sá, Matheus Coutinho, Raphaella Oliveira e Wandria Quintino.
O HRBA foi o único hospital público das regiões norte e nordeste a receber o prêmio. A unidade paraense está prestes a completar 19 anos de existência e é referência em média e alta complexidade para uma população de 1,4 milhão de habitantes de 29 municípios. A premiação reflete a importância da sustentabilidade no trabalho desenvolvido dentro do Hospital Regional do Baixo Amazonas, temática fundamental e muito discutida nos dias atuais, sobretudo no ano da realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em novembro, no estado do Pará.
Sustentabilidade aplicada à gestão pública
O trabalho do HRBA inovou ao incorporar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU na gestão contratual dos serviços de higiene e limpeza hospitalar — uma atividade essencial para a segurança e o funcionamento de qualquer unidade de saúde.

O modelo adotado estabelece critérios de desempenho mensuráveis em áreas como gestão de pessoas, eficiência operacional, confiabilidade, experiência do cliente e governança ética, tornando o contrato um instrumento estratégico de transformação institucional.
Matheus Coutinho, diretor-geral do HRBA, destacou que o projeto nasceu de um desafio interno e se tornou uma referência nacional.
“Queríamos elevar o padrão de qualidade dos serviços sem aumentar custos, e encontramos na sustentabilidade uma forma de alcançar esse equilíbrio. Hoje temos uma operação mais eficiente, com resultados ambientais e humanos muito expressivos”, explicou.

As cláusulas contratuais foram estruturadas com base em três eixos: operacionais, socioambientais e governança e conformidade.
Em operacionais, destaca-se o uso de produtos biodegradáveis, redução do consumo de água e energia, e capacitação constante das equipes.
No eixo socioambiental, tem-se a valorização do trabalho decente, redução de descartáveis, logística sustentável e ações de saúde e segurança ocupacional.
E em governança e conformidade, são destacadas a transparência, auditorias independentes e controle rigoroso da execução contratual.

Wandria Quintino, supervisora de Facilities do HRBA, reforça que a mudança foi sentida no dia a dia das equipes operacionais. “A sustentabilidade deixou de ser um discurso e virou prática. Cada colaborador entende seu papel, desde a separação correta dos resíduos até o uso consciente dos materiais. Isso gerou engajamento e orgulho entre os trabalhadores”, contou.
Resultados expressivos e impacto regional
A implementação do modelo trouxe resultados concretos para a gestão hospitalar:
Compostagem de 4,5 toneladas de resíduos orgânicos mensalmente;
Mais de 20% dos resíduos destinados à reciclagem;
Satisfação dos usuários acima de 95%;
Redução de custos operacionais e melhoria dos indicadores ESG;
Diminuição do absenteísmo e do turnover entre os colaboradores;
Aumento de 100% nas horas de treinamento;
Padronização técnica e segurança jurídica nos contratos.
Além disso, o projeto contribuiu para fortalecer o engajamento de fornecedores locais com os ODS e melhorar o desempenho do hospital em auditorias e certificações nacionais, como a Organização Nacional de Acreditação (ONA).
Para Raphaella Oliveira, coordenadora corporativa de Projetos do Instituto Mais Saúde, o reconhecimento nacional é um incentivo para ampliar o alcance das práticas sustentáveis dentro da rede.
“O HRBA tem sido um laboratório vivo de inovação em gestão pública. Ver esse trabalho ser reconhecido em um prêmio tão prestigiado mostra que estamos no caminho certo — e que outras instituições do SUS também podem adotar esse modelo”, ressaltou.
Desafios e próximos passos
Entre os desafios superados pela equipe estão o alinhamento entre sustentabilidade e legislação pública, o enfrentamento de limitações orçamentárias e a necessidade de engajamento intersetorial.
Segundo os autores, o projeto mostrou que a sustentabilidade pode — e deve — ser uma diretriz estratégica de gestão hospitalar, e não apenas uma prática pontual.
Os próximos passos incluem o monitoramento contínuo dos resultados, revisão periódica das cláusulas contratuais, capacitação das equipes gestoras e expansão do modelo para outros contratos do hospital e de unidades administradas pelo Instituto Social Mais Saúde, organização responsável pela gestão do HRBA, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
Texto: Edson Fonseca/Ascom HRBA. Por Gustavo Campos (SECOM)
Com informações da Agência Pará
