Com o edital da segunda edição do Concurso Nacional Unificado (CNU) já publicado, os candidatos têm até o dia 20 de julho para se inscrever e iniciar uma preparação estratégica. São 3.652 vagas distribuídas em 32 órgãos federais, com oportunidades para níveis superior e intermediário. Mas, para além dos livros e cronogramas, especialistas alertam: o equilíbrio emocional é tão importante quanto o domínio do conteúdo. Para ajudar nessa jornada, eles oferecem orientações práticas que vão do plano de estudos à saúde mental.
Para o mentor da QConcursos, Claudio Gomes, o primeiro passo é compreender o perfil da banca organizadora, a Fundação Getulio Vargas (FGV). Segundo ele, trata-se de uma instituição que exige mais do candidato, com provas que cobram interpretação, compreensão de casos concretos e, em disciplinas jurídicas, jurisprudência. A FGV também se destaca por apresentar questões extensas, o que demanda atenção redobrada na leitura e interpretação.
O concurso está dividido em nove blocos temáticos, e a escolha do bloco e do cargo deve levar em conta a formação do candidato, a quantidade de vagas, a remuneração e, principalmente, as disciplinas cobradas e os respectivos pesos. Ele afirma que é mais estratégico optar por blocos cujos conteúdos já estejam no radar do candidato. “Por exemplo, quem estuda para a área administrativa terá mais afinidade com o bloco 5”, sugere.
Na hora de montar o plano de estudos, ele reforça que o cronograma deve ser individualizado, levando em conta o tempo disponível, o estágio de preparação e os recursos de cada candidato. Claudio recomenda que o planejamento seja feito semanalmente, com avaliações constantes da evolução e ajustes conforme os erros identificados.
“Uma pessoa que tem apenas 3h para o estudo vai precisar de uma estratégia diferente daquela que tem 6h. O ideal é montar um plano semanal e, antes de iniciar a nova semana, analisar o que foi feito na anterior e corrigir os erros cometidos. O objetivo deve ser melhorar continuamente”, aconselha.
Em relação aos materiais de estudo, o mentor recomenda evitar dispersão entre muitas fontes e escolher um curso confiável. Ele destaca que quem tem menos tempo disponível deve optar por conteúdos mais diretos ao ponto e valorizar materiais de revisão, como flashcards e mapas mentais, além de plataformas de questões.
A prática constante, segundo ele, é o que diferencia os candidatos mais bem classificados. Estudar ativamente, revisar com frequência e acompanhar o desempenho com métricas claras, como o número de acertos e erros em simulados, são atitudes fundamentais para a evolução.
Por fim, ele alerta para a importância de começar a preparação para a prova discursiva desde já. Produzir ao menos dois textos por semana e buscar orientação de um professor para correção e feedback são passos essenciais para garantir um bom desempenho nessa fase. “A prática textual deve começar agora, e não depois do resultado da prova objetiva. Quem deixar para se preparar somente em novembro, vai caminhar para a reprovação na fase discursiva. Não se aprende a escrever bem em apenas um mês”, alerta.
Preparo psicológico é fundamental, destaca especialista
A pressão, a competitividade e o volume de matérias exigem não só planejamento, mas também equilíbrio psicológico para manter a produtividade e o foco até o dia da prova. Para ajudar quem vai enfrentar esse desafio, a psicopedagoga Cristina Monteiro, da Faci Wyden, dá orientações para cuidar da saúde mental durante os estudos.
De acordo com a psicopedagoga, o primeiro passo é organizar uma rotina equilibrada e sustentável. Isso significa, além de horas de estudo, manter hábitos saudáveis, como alimentação adequada, sono de qualidade e momentos de descanso.
“Focar na gestão do tempo e manter uma rotina que inclua o que a pessoa gosta de fazer no tempo livre faz diferença. Assim, a calma e a confiança estarão presentes no momento da prova”, afirma.
A ansiedade, presente na vida de quase todo concurseiro, não precisa ser vista como inimiga. Ela pode indicar que o momento é importante e, por isso, precisa ser acolhida e gerenciada. Técnicas simples como respiração consciente e chegar com antecedência no local da prova podem ajudar a controlar o nervosismo e evitar o famoso “branco”.
“Estar ansioso é uma forma de demonstrar o quanto aquele momento é importante. Respiração consciente e presença no agora vão ajudar a reduzir a tensão e aumentar a concentração”, orienta.
Outro ponto que interfere no emocional é a comparação com outros candidatos, algo muito comum nas redes sociais. Ver colegas mostrando rotinas de estudos intensas ou resultados de simulados pode gerar insegurança e desânimo. A especialista sugere, nesses casos, dar um tempo no uso das redes e focar no próprio ritmo.
Estar bem emocionalmente também influencia diretamente no rendimento diante do grande volume de conteúdos exigidos. Manter a atenção por longos períodos é essencial para quem vai disputar uma das vagas — e isso só é possível com saúde mental em dia.
Nos dias que antecedem a prova, a dica é evitar o excesso de revisão de última hora. Dormir bem na noite anterior e confiar no que já foi estudado são atitudes que fazem diferença. A psicopedagoga lembra que revisar assuntos novos na véspera pode gerar mais estresse do que benefício.
Durante a preparação, é comum enfrentar momentos de frustração, como resultados ruins em simulados ou sensação de estagnação. Nessas horas, a psicopedagoga reforça que é importante olhar para o processo com empatia.
O CNU, por seu formato amplo e competitivo, exige preparo emocional diferenciado. Ela orienta que manter a calma, a confiança e o foco pode ser o diferencial entre travar e avançar no dia da prova. E, mais do que isso, pode tornar o caminho até a aprovação mais leve e saudável.
Por: Eva Pires/Ascom-Eko
Fonte: Portal Santarém