Belém vive um momento de intensa movimentação econômica e simbólica. A cidade, que sedia neste mês de novembro a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), já sente os reflexos do evento nas obras de infraestrutura, mobilidade e turismo. Mas os impactos vão além: com a pauta ambiental em destaque, cresce o interesse por negócios sustentáveis, especialmente entre pequenos empreendedores que enxergam na economia verde uma oportunidade de renda e desenvolvimento.
Para a professora e especialista em finanças Samara Felipe, da Faci Wyden, a COP30 coloca Belém “no mapa global da agenda climática” e acelera investimentos que movimentam a economia regional. “As obras em andamento já geram empregos e impulsionam setores como hotelaria, transporte e alimentação. Mas o principal legado é a visibilidade: investidores e parceiros estão olhando para a Amazônia com outros olhos, interessados em financiar negócios
sustentáveis”, avalia.
De acordo com dados recentes do Sebrae, a Região Metropolitana de Belém conta com 189.148 pequenos negócios, sendo quase 80% formados por microempreendedores individuais (MEIs). Apenas a capital concentra mais de 129 mil empreendimentos, seguida por Ananindeua e Marituba. O número mostra o potencial da região para desenvolver iniciativas de empreendedorismo sustentável e consolidar a economia verde como vetor de crescimento local.
É nesse cenário que surgem exemplos como o da Amazônia Space, marca de alimentos regionais criada em Belém que aposta na bioeconomia e na valorização dos ingredientes amazônicos como estratégia de expansão e sustentabilidade. O portfólio inclui farofas, molhos e pimentas feitos com insumos 100% naturais e amazônicos, provenientes de cultivo próprio, além de embalagens sustentáveis e bilíngues, com informações em português e inglês, de olho nas oportunidades do mercado internacional.
“Quem compra da gente leva um pedaço da Amazônia para casa. Nossos produtos são feitos com ingredientes regionais e produzidos de forma sustentável, respeitando o meio ambiente e valorizando os produtores locais”, conta Elaine Lima, empreendedora da marca.
Da floresta à inovação – A economia verde reúne atividades que combinam crescimento econômico e preservação ambiental. Em Belém e na Amazônia, os setores com maior potencial incluem a bioeconomia, o turismo sustentável, a alimentação regional, a gestão de resíduos e a energia limpa.
“Na bioeconomia, por exemplo, destacam-se os produtos da floresta que não dependem do corte de árvores, como óleos, sementes e ingredientes naturais usados em cosméticos e alimentos. Além disso, o turismo sustentável e as experiências culturais ligadas às comunidades tradicionais devem crescer com a visibilidade da COP30”, explica Samara.
Quem quer investir em negócios sustentáveis na Amazônia já encontra linhas de crédito específicas. A professora cita o BNDES e a FINEP como principais fontes de financiamento, além de iniciativas locais como o Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá (PCT Guamá) e o Sebrae, que lançam editais voltados à inovação verde. “Agora em novembro, por exemplo, a FINEP lançou uma competição voltada para mulheres inovadoras na Amazônia. É um incentivo importante, porque mostra que o empreendedorismo sustentável também é espaço de inclusão e diversidade”, comenta.
Mesmo com tantas oportunidades, os desafios ainda são grandes, principalmente para os pequenos empreendedores. A especialista destaca como principais barreiras a falta de capacitação, a dificuldade de acesso ao crédito e o retorno financeiro a longo prazo. “A sustentabilidade exige planejamento. Muitos microempreendedores não conseguem acessar linhas de crédito por causa de exigências técnicas e burocráticas. Além disso, os negócios baseados em recursos naturais demandam investimento inicial alto e retorno mais demorado”, explica.
Para superar os obstáculos e tornar o setor mais competitivo, Samara recomenda buscar capacitação em instituições como universidades, incubadoras e o Sebrae. “A capacitação é a chave para qualquer negócio. É preciso entender o nicho, formar parcerias e procurar editais que ajudem a financiar o capital de giro. Quando o empreendedor se organiza em cooperativas ou associações locais, ele reduz custos, fortalece sua comunidade e amplia a cadeia de valor do seu produto.”
Legado para os negócios – Samara acredita que o legado econômico da COP30 depende da continuidade das políticas públicas e da inclusão dos pequenos empreendedores. “As obras e os centros criados para o evento mostram a capacidade da cidade em atrair investimentos e sediar grandes eventos. Mas, para que o legado seja duradouro, é preciso garantir que as políticas sejam inclusivas e cheguem até quem está na ponta”, reforça.
Para ela, este é o momento de preparar o terreno para uma Belém que una sustentabilidade, inovação e protagonismo local. “A economia verde não é apenas uma tendência. Ela é uma necessidade e quem se antecipar agora poderá liderar o futuro da Amazônia”, conclui.
Por: Assessoria de Imprensa
Fonte: Portal Santarém
