Após dois anos de seca que interromperam as tradicionais travessias durante o Sairé, o rio em frente a Alter do Chão voltou, em setembro, a atingir o nível ideal, devolvendo movimento e renda aos catraieiros. Só no domingo do evento, os 70 profissionais faturaram cerca de R$ 21 mil. Ao longo do mês, o montante chegou a aproximadamente R$ 210 mil, reforçando a importância da manifestação cultural não apenas para a economia e o turismo, mas também para a preservação da tradição das catraias.
“Setembro foi um mês muito bom para nós, depois de dois anos sem renda nessa época por causa da seca. Este ano conseguimos trabalhar bastante. Cada travessia custa R$ 10, e estimamos que cada profissional faturou cerca de R$ 3 mil”, relatou Antônio Sardinha, presidente da Associação de Catraieiros.
Os domingos concentraram o maior fluxo de passageiros. “No domingo do evento, cada catraieiro fez cerca de 30 barcadas e arrecadou aproximadamente R$ 300. Este ano operamos com 70 canoas, ainda abaixo da capacidade máxima, que já chegou a 100. Apesar da concorrência das lanchas, a temporada foi positiva”, acrescentou Sardinha.
Além do retorno financeiro, o reconhecimento também marcou o evento. Neste ano, os catraieiros foram homenageados pelo Boto Cor de Rosa, com o tema “Catraia: a encantaria do atravessar”. A agremiação conquistou o 12º título do Sairé 2025.
“A homenagem foi mais do que justa. Estamos na história de Alter do Chão desde 22 de fevereiro de 1980, com uma associação que já tem 45 anos, e nunca havíamos recebido um reconhecimento assim. Tiago Vasconcelos, presidente do Boto Cor de Rosa e também ex-catraieiro, entrou em contato e autorizei imediatamente a homenagem. O Cor de Rosa foi campeão, e eu, que sempre torci por ele, fiquei duas vezes emocionado”, contou Sardinha.
Para o secretário municipal de Cultura, Emanuel Júlio Leite, os catraieiros de Alter do Chão representam muito mais que profissionais do turismo.
“Cada travessia até a Ilha do Amor é uma experiência única para os visitantes e uma forma de manter viva uma tradição que atravessa gerações. É também uma oportunidade de apreciar a paisagem natural ao ritmo das remadas dos catraieiros, verdadeiros símbolos da região. Por isso, é fundamental reconhecer e apoiar esses trabalhadores, que contribuem para o fortalecimento da economia local e para a promoção de Santarém como um destino turístico de excelência.”
A concepção, desenvolvimento e execução dos projetos artísticos “Essência Borari” (Boto Tucuxi), “Catraia – Encantaria do Atravessar” (Boto Cor de Rosa) e do Rito Tradicional “Sairé 2025 – Cecuiara da Tradição” foram viabilizados por meio da Lei Rouanet, do Governo Federal, via Ministério da Cultura.
Além disso, contam com o patrocínio de grandes parceiros: Ministério do Turismo, Sesc, Equatorial Energia, Banpará, Amstel, Coca-Cola, Vivo, Caixa, Companhia Docas do Pará e Avante Atacadista. Agência oficial: Maná Produções.
O Sairé 2025 tem apoio da Secretaria de Estado de Cultura do Pará, Assessoria Cultural e Borari Produções. A realização é da Prefeitura de Santarém, em acordo de cooperação com o Ministério do Turismo, Sesc, Senac, Governo do Pará, Fundação Cultural do Estado do Pará e o Semear – Programa Estadual de Incentivo à Cultura.
Por: Katrine Bentes/Ascom-Semtur
Com informações da Agência Santarém