É meus caros amigos Santarenos e de toda a população amiga do Oeste do Pará. Só pelos primeiros 09 dias de janeiro já deu para perceber que vamos precisar de muita força, coragem, determinação para 2025, esse ano que já começou com uma série de fatos e eventos, que dão um tom, da série de lutas que já estão marcadas aí, algumas das mais importantes batalhas cívicas e democráticas das últimas décadas.
Aqui é o antropólogo Edward Luz trazendo para o Portal Santarém Notícias neste ano numa proposta de colaboração mais dinâmica e diretamente conectada com os temas de maior interesse daqueles leitores que querem uma análise mais. Neste formato, este analista trará suas contribuições todas as quintas (ou sextas), fazendo uma espécie de Resenha Semanal, comentando e analisando pela ótica de uma análise antropológica irreverente, libertária, mas conectada aos sentidos simbólicos e sociais ocultos.
A semana começou numa data sagrada o “Dia dos Reis Magos” o domingo, dia 05/01 importante em toda a cristandade quando se festeja o que deveria se chamar do Dia em que os magos que enganaram um Rei. Conta a história bíblica que, Herodes ficou furioso quando soube que havia sido enganado pelos magos de Oriente, os quais, avisados por sonho, não passaram por Jerusalém e retornaram a seus países por outro caminho. O ódio e o medo de Herodes eram tão grandes que ele mandou matar os inocentes de Belém, enquanto a Sagrada Família fugia para o exílio. A estratégia dos Magos ainda é metáfora para que muitos críticos do cenário jurídico atual que enxergam em ações de Trump, Musk e Zuckeberg uma reencarnação da gesta contra um certo Imperador do Brasil. Voltaremos ao caso abaixo:
Já na noite deste domingo, mas início de segunda-feira (06/01) ocorreu em Beverly Hills (EUA), Fernanda Torres venceu o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama pela interpretação de Eunice Paiva em Ainda Estou Aqui, do diretor Walter Salles. A premiação é organizada pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood. O evento inflamou as redes sociais e mereceu análises de todos matizes. A esquerda vibrou e celebrou efusivamente, a direita bolsonarista torceu o nariz para o que acusam ser militância cinematográfica. Mas, o fato é que trajetória de sucesso de público e de crítica que vem sendo percorrida pelo filme Ainda Estou Aqui, premiado, inclusive, com um Globo de Ouro para Fernanda Torres, faz jus à qualidade artística de uma produção que pretende ser um apelo por humanidade. A obra tem sido muito elogiada pela atuação sensível dos atores, e uma brilhante reconstituição do Rio de janeiro do final da década de 1960. O filme ainda é marcado por elegante trilha sonora e um roteiro que bem adaptou o livro de Marcelo Rubens Paiva. Reconhecemos as qualidades e habilidades da atriz e gostaríamos de poder celebrar todos juntos, mas a evidente politização.
Ainda na segunda, mas aqui já no Pará, celebremos neste 6 de janeiro, celebramos exatos 190 anos da Cabanagem, uma revolta popular mestiça que marcou profundamente a história do nosso estado. Iniciada em 1835, a revolta teve um caráter único, sendo a única em que os revoltosos conseguiram assumir o poder político e a gestão da Província do Grão-Pará. A data está sendo reclamada pelo movimento indigenista santareno, mas a verdade é que as tensões políticas entre a elite portuguesa local e a população mestiça empobrecida. Por um lado, a elite de fazendeiros e comerciantes temia a perda do controle político da província após a independência do Brasil. O movimento foi liderado por camponeses mestiços de brancos, negros e indígenas trabalhadores se rebelaram contra as condições de vida precárias e a violência a que eram submetidos, com muitos deles vivendo em condições próximas à escravidão. Podemos todos celebrar.
No meio da semana tivemos a notícia de que Marc Zuckerberg vai mudar as regras do Facebook tomou conta das redes quando a esquerda revelou seus medos da opinião das “notas da comunidade”. Veja, defender Notas da Comunidade não é defender Zuckerberg, mas sim defender a ideia de que a verdade precisa ser um processo coletivo, não um decreto. A Meta pode errar muito em outras áreas, mas acertou nisso. Ora, não se deve ter medo da liberdade de expressão, exceto se você for um tirano. Ela incomoda, mas é isso que torna a vida da política suportável. Permite o absurdo, o incômodo, o confronto. Mas é o confronto que sustenta a democracia. Sem ele, só sobra o silêncio. Então, é preferível um sistema aberto, com falhas, a uma democracia domesticada por censores iluminados. Zuckerberg está longe de ser um herói, e eu não espero que seja. É um bilionário também preservando seus interesses e os interesses de seus acionistas. Mas, ao menos, reconheceu que era um censor e que liberdade de expressão não pode ser uma ameaça.
Já na quarta-feira, dia 08/01, aconteceu a segunda edição da Novela Esvaziada “Memória Golpista do 08/01”, deixando bem claro que, se depender da militância esquerdista brasileira, além do “ano que não terminou” (1968 título da obra de Zuenir Ventura), o país também terá um “dia que não terminará nunca”: 8 de janeiro de 2023. Assim como ocorreu no primeiro aniversário dos atos de invasão e depredação na Praça dos Três Poderes por parte de brasileiros indignados com a estranha eleição de Lula para a Presidência em 2022, a encenação se repetira como um enigma, um mito fundador da nova república lulista deste dia que por decreto, não se pode acabar nunca mais. Merece documentários, filmes e até Museu.
O que vimos na quarta foi outra estranha encenação onde Lula, servidores apaniguados e apoiadores do governo federal encenaram mais um espetáculo desencontrado com direito a discurso desencontrado, celebração de obras de arte restauradas enquanto a economia e unidade do país escoa pelo ralo do abandono. No momento ápice do ato Lula desceu a rampa do Planalto com autoridades para dar, junto com o público que estiver presente ao local, um “abraço simbólico” na democracia. O termo “simbólico”, aplica-se perfeitamente neste tal “abraço de urso à democracia”. Nada há de honesto e verdadeiro ali. Tudo é malfeito, encenação tosca e mal combinada entre as partes, que não conseguem esconder o desrespeito aos direitos, garantias individuais e princípios democráticos.
Bem, enquanto a elite do poder estatal usava o “Abraço simbólico à democracia” para tentar mais uma vez reforçar a narrativa de que a ordem democrática no Brasil foi “salva por suas ações”, usuários nas redes sociais destacavam a falta de adesão do povo a um evento sobre democracia e recordavam os recentes abraços a ditadores do presidente Lula, que por sinal no dia seguinte enviará seu representante para a cerimônia de Posse do Ditador Nicolas Maduro da Venezuela. Voltaremos a este ponto.
Quem melhor interpretou o momento foi o antropólogo Flávio Gordon que vaticinou “Nem a democracia foi na própria festa” talvez percebendo que seria uma armadilha e prevendo que poderia ser esfaqueada pelas costas. “Um bando de tipos esquisitões e de má fama organizou uma festa para a democracia, na qual ela seria abraçada coletivamente. Pressentindo o abraço-de-urso, a democracia não apareceu”, disse Gordon, colunista da Gazeta do Povo em outra postagem.
Numa fala desastrosa, depois de homenagear o Ministro Xandão, Lula se declarou “amante da democracia” dando sinais de experiência neste papel como bem lembrou Alexandre Garcia. Toda a esta encenação de mal gosto contrasta com a postura do Brasil com o sanguinário ditador venezuelano.
Lá, o ex-motorista de ônibus é denunciado e repudiado no mundo todo como apenas um ditador repudiado pelos presidentes sérios como Millei da Argentina, e mesmo o esquerdista Gabriel Boric do Chile, que acabou de romper relações diplomáticas retirando seu embaixador do país. A própria ONU com sua Missão a Determinação de Fatos na Venezuela denunciou hoje uma nova onda de prisões políticas, onde 16 cidadãos foram presos pelo regime de Nicolás Maduro. As detenções, que ocorrem às vésperas da posse presidencial marcada para esta sexta-feira (10) e das manifestações planejadas pela oposição, envolvem líderes políticos, defensores de direitos humanos e familiares de opositores, gerando forte preocupação internacional. Enquanto todas as democracias das Américas denunciam os abusos do Ditador Maduro, o amante petista, contudo, parece estar sofrendo nesta relação abusiva e mal resolvida que mantém com o bigodudo el-macho-man Maduro. Como uma mulher de bandido que apanha calada, mas também dá suas escapadas safadinhas, Lula vem se acostumando a “tomar na cara” apanhar em silêncio para que não se revele os assuntos e problemas complexos que tem em casa. Vai entender.
Por: Edward M. Luz
Fonte: Portal Santarém